Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3) e mais varejistas tombam no Ibovespa nesta terça. Quais os motivos?

As ações de Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) figuraram no campo negativo do Ibovespa desta terça-feira (27), pressionadas pela divulgação da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento do Banco Central (BC) afirmou que manterá a taxa no patamar atual “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

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No fechamento, os papéis da Via recuaram 2,68%, cotados a R$ 2,18, enquanto os ativos do Magazine Luiza também caíram 0,58%, a R$ 3,38. As ações ordinárias de Lojas Renner (LREN3) cediam 2,54%, a R$ 21,09, assim como as da Petz (PETZ3), que sofriam baixa de 5,42%, cotadas a R$ 6,28.

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 27/06/2023
5 Dias

Em resumo, a Ata do Copom mostrou divergências sobre os próximos passos da política monetária do Brasil, destacando que já há consenso para “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

Contudo, ainda há um grupo de diretores que é mais conservador e que enfatizou que o processo de desinflação ainda é fruto de núcleos que são voláteis dentro do indicador oficial. O grupo pediu, ainda, mais cautela e reancoragem das expectativas.

“Para as varejistas, isso é um sinal negativo, uma vez que, em geral, os juros nos atuais patamares mantêm o cenário desafiador. No caso de Magazine Luiza, além do cenário macroeconômico, os donos da KaBum! falaram publicamente sobre a disputa judicial envolvendo a venda da empresa para a Magazine Luiza. Tal comunicado também pode trazer mais volatilidade para o papel”, afirmou Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero.

A decisão do Copom também abalou empresas de outros setores, Por volta do mesmo horário, os papéis de Eztec (EZTC3) cediam 3,91%, cotados a R$ 17,44, e MRV (MRVE3) caíam 4,91%, a R$ 10,27.

IPCA-15 de junho: desaceleração

Também nesta terça-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) relativo a junho. O indicador, que é uma prévia da inflação, teve uma alta pouco expressiva de 0,04% no mês, sendo considerada a elevação mais fraca desde setembro de 2022, quando houve queda de 0,37%.

Olhando separadamente para os meses de junho, o resultado mensal do indicador de preços foi o mais baixo desde 2020, quando houve elevação de 0,02%. O percentual registrado no mês regrediu a taxa acumulada em 12 meses para 3,40%, o seu menor patamar desde setembro de 2020, quando era de 2,65%. O valor da taxa em 12 meses do IPCA-15 agora marca 13 meses seguidos de redução.

Com o resultado anunciado nesta terça, o IPCA-15 registrou um aumento de 3,16% no acumulado do ano.

Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, entre os destaques positivos, houve uma desaceleração importante nos combustíveis, principalmente a gasolina, com uma variação negativa de 3,4%, o que já era esperado pelo mercado.

“A surpresa negativa foi o transporte público – no caso, passagens áreas – que teve uma variação de +10,7% influenciada pelos preços do querosene de aviação, que não teve queda. Outro item que impactou o índice foi energia elétrica residencial, que tem um bom peso no índice, variando +1,4% em junho, juntamente com aluguel, que variou +1,6%”, destacou.

Possível follow-on da Via

Segundo informações do Estadão/Broadcast divulgadas na última sexta-feira (23), com a mudança recente de comando na Via e a saída de executivos no alto escalão, a nova gestão agora volta o foco para o corte de despesas, o esforço para gerar caixa e resultados.

É dentro dessa equação que entrou no radar da companhia a possibilidade de ir ao mercado com uma oferta subsequente da Via, como uma forma de ajudar a reequilibrar as contas do negócio até o fim do ano.

Em maio, segundo a reportagem, a Via concluiu a rolagem de R$ 1,1 bilhão em debêntures por dois anos, ou seja, junho de 2025. “Tirou a pressão de curto prazo”, disse uma fonte próxima às negociações. As novas debêntures pagam juro de 4,1% somado à remuneração do CDI. No fim do ano passado, a companhia já recebeu uma “ajuda” (termo usado por partes envolvidas na negociação) do Bradesco para equilibrar o orçamento.

Com uma renovação de parceria com o banco por mais 15 anos para os cartões co-branded na Casas Bahia, a companhia recebeu, em novembro de 2022, R$ 1,75 bilhão de “signing bônus” e antecipação de parte das comissões. Todos os movimentos acontecem em meio à revelação de uma fraude contábil na Americanas (AMER3), que deixou um buraco de cerca de R$ 15 bilhões nos cinco maiores bancos do País e todas as varejistas fragilizadas.

A Via, como um dos maiores nomes do setor de bens duráveis brasileiras, seria, portanto, grande demais para entrar em uma lista de problemas para essas instituições. Ao contrário de alguns dos concorrentes, a Via não tem problemas operacionais, mas sim de endividamento – por isso a necessidade de reequilibrar as contas, argumenta uma fonte.

Nessa estratégia da Via, a prioridade é reduzir gastos, incluindo investimentos, e focar na melhorar a eficiência e em negócios que dão dinheiro. Desde fevereiro, a empresa passa por uma reformulação completa de sua diretoria, substituindo executivos com foco em crescimento por nomes que o novo chefe do Conselho de Administração, Renato Carvalho, vê como profissionais com foco em contenção de despesas.

Ao todo, seis altos executivos deixaram seus cargos na Via: o CEO, Roberto Fulcherberguer; o CFO, Orivaldo Padilha; Helisson Lemos, responsável pela área de marketplace; Andre Calabro, chefe do banQi; Helio Muniz, chefe de comunicação e ESG; e Ilca Sierra, chefe de marketing.

Ainda dentro da perspectiva de cortes, a companhia tem feito outras demissões – as mais recentes envolveram diretores do banQi, que nessa reformulação devem perder relevância na estratégia da varejista. A área, que já havia perdido seu CEO, Calabro, agora deve deixar de fornecer empréstimo pessoal.

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Via fechou o 1T23 com prejuízo de R$ 297 milhões

Via fechou mais um trimestre com um prejuízo milionário nas mãos. A operação da “mãe” da Casas Bahia começou o ano com um número negativo de R$ 297 milhões. Na 1T22, a varejista tinha anotado lucro de R$ 18 milhões.

De acordo com o balanço da Via do 1T23, os principais números desse período foram:

  • Receita líquida da Via: R$ 7,354 bilhões, queda de 0,6% ante 1T22;
  • Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado: R$ 675 milhões, alta de 0,2% ante 1T22;
  • Resultado líquido: prejuízo de R$ 297 milhões; no 1T22, empresa registrou lucro líquido de 18 milhões.

“O prejuízo líquido foi de R$ 297 milhões e margem líquida de – 4,0% no trimestre, com recuo de
4,2 p.p frente ao 1T22. Os ajustes não recorrentes relacionados à atualização dos processos trabalhistas
(legado) foram de R$ 80 milhões no trimestre refletindo num prejuízo líquido operacional de R$ 217
milhões”, ressaltou a companhia no informe ao mercado.

resultado financeiro da Via foi negativo em R$ 827 milhões, 5,4 pontos porcentuais maior como porcentual da receita líquida, em razão, principalmente, do aumento da taxa Selic e maior desconto de recebíveis de cartão de crédito.

A margem bruta foi de 32,1%, com alta de 1,4 p.p. e a margem Ebitda ficou em 9,2%, alta de 0,1p.p. A empresa credita os ganhos de rentabilidade, entre outros fatores, ao aumento da participação do carnê na venda da loja e à maior produtividade de vendas por vendedor.

Via apresentou dívida líquida ajustada de R$ 500 milhões e patrimônio líquido de R$ 5 bilhões, com índices de alavancagem em patamares inferiores aos covenants financeiros. A Via terminou o trimestre com posição de caixa, incluindo recebíveis de cartão, de R$ 3,5 bilhões.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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